A criação de bovinos no Brasil coincide,
praticamente, com o seu descobrimento e colonização. Nos primórdios da era
colonial, o gado existente no País era todo de origem européia, proveniente da
Península Ibérica, enquanto que os Zebuínos foram introduzidos no início do
século XIX (BRASIL, 1984).
Provavelmente, o primeiro rebanho
puro foi estabelecido em 1826 na Fazenda Santa Cruz de propriedade do Imperador
D. Pedro I, no Rio de Janeiro, constituído de animais procedentes da região do
Rio Nilo, na África (EMBRAPA, 1996). Por procederem dessa região, esses animais
receberam a denominação de “Zebu do Nilo”.
Esses bovinos eram procedentes do
Egito e da costa Nordeste da África. Possuíam pelagem negra e eram de pequeno
porte, enquanto os indianos eram normalmente claros ou cinzentos, e maiores,
embora uns e outros pertencessem à mesma sub-espécie Bos indicus.Este rebanho
permaneceu ali por longo tempo, acreditando alguns estudiosos que os
reprodutores
saídos de Santa Cruz teriam contribuído para a formação do gado China, iniciando
assim o processo de “azebuamento”do rebanho brasileiro.
Pelo fato de alguns reprodutores
Zebus, provenientes da África, recebidos pelos criadores fluminenses terem
apresentado resultado pouco satisfatório, passou-se a dar maior importância
para os reprodutores vindos da Índia.
Esses reprodutores indianos
encontraram no produtores de café os seus primeiros adeptos. Este ,necessitavam
dos bovinos para transporte de café, e os indianos eram mais rústicos, mais
resistente e mais ligeiro nas caminhadas.
Verificaram-se importações -
touros, casais ou pequenos lotes - nos anos de 1850,
1854, 1878 e
1887. Importações mais expressivas, ocorreram no início deste século, chegando
ao seu auge em 1920 com um total de 1904 animais vindos da Índia.
Neste mesmo período ( + 1920), o
Ministério da Agricultura, também se interessou pela importação, trazendo cerca
de 300 cabeças da Índia. Minas Gerais foi o primeiro estado a tomar essa
iniciativa, pouco antes, com a compra de 200 tourinhos Nelore, em
1908.
As
grandes importações coincidem com a Primeira Grande Guerra e foram conseqüência
direta da valorização da carne, devido às exportações. Em 1914 e 1918, entraram
no Brasil, 1847 reprodutores, a que se acresceram os entrados em 1920 e 1921, somando
mais de um milhar.
Em 1921, surgiu um surto de peste
bovina, trazido por animais que passaram pelo Jardim Zoológico da Antuérpia, o
que determinou a proibição de novas importações pelo Governo Brasileiro. Isso
fez com que os criadores, desviada sua atenção das importações, passassem a
cuidar melhor dos seus plantéis, dedicando-se à sua seleção e melhoramento.
Durante muito tempo prevaleceu a
idéia de que o gado indiano deveria ser sempre cruzado, motivo pelo qual grande
parte dos criadores se entregou à formação da nova raça (entre representantes
zebuínos).
Com o aumento dos cruzamentos, acidentais ou
intencionais, desapareceram os representantes de certas raças, como a Hissar, a
Malvi, a Sindi e as do grupo Misore, os quais entraram no país durante as
primeiras importações.
Em 1930, os criadores mineiros
Francisco Ravísio Lemos e Manoel de Oliveira Prata, conseguem licença especial
do Ministério da Agricultura e vão à Índia, de onde trazem 192 reprodutores das
raças Gir, Nelore, Guzerá e Sindi, em uma época em que o rebanho estava
visivelmente mestiçado, constituído de 80 a 90% de animais denominadosIndubrasil.
A chegada de apreciável
contingente de animais de raça definida, considerados puros representantes das
ditas raças, trouxe maior interesse pela criação de gado puro, verificando-se
então redução do número de adeptos da nova raça que estava se formando no Triângulo
Mineiro.
Em 1952, Felisberto Camargo,
Diretor do Instituto Agronômico do Pará, em Belém, afrontando séria oposição do
Ministério e das Associações de Criadores, consegue trazer do Paquistão um lote
de 31 bovinos da raça Sindi.
Em 1955, por não conseguir
licença para importações, Joaquim Machado Borges introduziu 114 cabeças de gado
Gir, por contrabando através da Bolívia.
Em 1960, Celso G. Cid traz da
Índia, 102 cabeças, sendo 70 Gir, 20 Nelores e 12 Guzerá, realizando quarentena
em Paranaguá. Dois
anos depois, 1962, Celso G. Cid, Torres Homem, Rubens de Carvalho e Jacinto H.
da Silva, trazem, com licença do governo, 153 Gir, 48 Guzerá, 84 Nelore, além
de 25 búfalos. Vieram ainda 12 representantes da raça Kangayam, que passou a
ser a sexta raça indiana, introduzida no Brasil, em condições de pureza racial.
A criação desses animais em
rebanhos puros e a realização de cruzamentos entre eles, em outras situações,
permitiram ao país a preservação e o melhoramento das raças originais bem como
a formação de novas raças, como a Indubrasil e a Tabapuã, além de outras
variedades.
De acordo com os resumos
estatísticos publicados pela ABCZ (1996) de 1938 a 1996, considerando as
categorias PO e LA, foram inscritos 2.349.280 animais no Registro Genealógico
Definitivo (RGD), e 4.8432.468 no Registro Genealógico de Nascimento (RGN).
Esta mesma publicação avalia a existência, no ano de 1994, de 457.000 animais portadores
de RGD e 973.000 animais portadores de RGN, em reprodução.
Para se ter uma idéias do
incremento populacional dos zebuínos, basta comparar o volume de importações de
material genético europeu (cerca de 800.000 animais) e indiano (cerca de 7.000
animais), com os contingentes hoje registrados nos respectivos serviços de registro
genealógico, quando se constata que o número de animais cadastrados das raças européias
é muito inferior ao número encontrado nas raças zebuínas (BRASIL, 1984).
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